Nós somos a escola NAU

A história da Escola NAU não pode ser escrita só com palavras, mesmo que traduzidas em poesia.

Precisa ser expressa com o corpo, o gesto e a voz, com música, pincel e tinta, com barro, massinha e sucata. É uma história de amor e garra. Uma autêntica parceria entre muitos e muitos pais, equipes e crianças, que ousaram desafiar o instituído e buscaram uma escola onde a expressão livre do aluno é valorizada e aceita, desafiando-o a decorar sua sala com seus desenhos, a se sentir parte integrante de um grupo que cria suas regras e faz sua história, que aprende a rever e refazer seu mundo e a exercer sua cidadania.

O Núcleo de Arte da Urca é a entidade mantenedora da Escola NAU, situada na Av. Pasteur, 453 ​ – Urca, no Rio de Janeiro – RJ.

Fundado em 11 / 11 / 76, foi concebido como um centro cultural e artístico, cuja ênfase seriam as atividades teatrais. Criou-se um grupo teatral, o Grupo Navegando, que encenou diversas peças infanto-juvenis, reconhecidas pelo público e pela crítica, com diversas premiações. O NAU recebeu em 1982 o Prêmio Molière, pelo conjunto de obras e pelo trabalho realizado pelo NAU.

Em março de 1977 surgiu no Núcleo de Arte a Escola de Educação Infantil. O trabalho da escola foi tomando cada vez mais espaço, os cursos de arte foram aos poucos sendo desativados e o Grupo Navegando desligou-se, passando a atuar em paralelo.

Ao iniciar os trabalhos da escola, traçamos nossas diretrizes pedagógicas voltadas para a arte-educação, por considerarmos a expressão artística como instrumento de formação do ser em sua globalidade.

Não poderíamos aceitar procedimentos didáticos de puro adestramento para a leitura e a escrita, a partir de repetição passiva de textos prontos e alheios à realidade e ao interesse da criança. Construímos nosso projeto visando a garantir aos nossos alunos a liberdade de expressão e o direito de serem os sujeitos de seu processo de aprendizagem.

Vislumbramos a possibilidade de construir um projeto pedagógico tendo a arte como o fio condutor, inspirados na Dra. Nise da Silveira, que denunciava a unilateralidade da pedagogia que formava seres fragmentados, por colocar seu foco apenas na formação do pensamento do aluno. A autora ressaltava a necessidade de se buscar uma pedagogia global, focada no pensamento, sentimento, sensação e intuição, funções psicológicas fundamentais do ser humano, segundo Jung. Para a Dra. Nise da Silveira só a arte podia abranger essa globalidade, pois só sua linguagem atingia o nível intuitivo do ser.

Iniciamos nosso trabalho sob forte influência de Heloisa Marinho, professora e pesquisadora do Desenvolvimento da Criança, que preconizava a necessidade de se desenvolverem com as crianças atividades lúdicas e criadoras e que despertassem seu interesse, partindo de sua experiência e realidade, respeitando a expressão da criança e o desenho livre. Utilizamos, inclusive seu Método Natural de Alfabetização até meados da década de 90, quando conhecemos a pesquisa de Emília Ferreiro sobre a Psicogênese da Escrita e a obra de Ana Teberosky. A partir daí buscamos itinerários pedagógicos que instrumentem a criança para elaborar hipóteses sobre leitura/escrita. Conservamos, porém, em nossa rotina diária, muitos procedimentos defendidos pela Profª Heloisa.

Buscamos então embasamento teórico em educadores e autores de arte-educação tais como Viktor Lowenfeld, Herbert Read e Ana Mae Barbosa, que defende a abordagem triangular observação, apreciação e produção de obras de arte.

Diversos outros autores igualmente fundamentam nossa prática: Paulo Freire, Rubem Alves e Winnicot, que propõem a pedagogia do amor, da solidariedade, do crescimento na união pela diferença; Freinet, Piaget e Vygotsky, que apontam para uma diretriz sócio-interacionista, necessária ao homem que queremos formar e à sociedade que idealizamos construir.